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Qual a importância da comunicação não-violenta que tantos CEOs estão descobrindo?



Temas que potencializam o conhecimento coletivo e a colaboração de pessoas estão cada vez mais ganhando destaque na agenda de executivos de sucesso.


Em 2014, quando Satya Nadela, assumiu o posto de quarto CEO da história da Microsoft, encontrou uma cultura de hostilidade na empresa, e abraçou o desafio de transformar a Cia através das pessoas.


Dentre as diversas ações tomadas por Satya, uma delas chamou muita atenção:

Comprou para toda sua equipe de liderança sênior, uma cópia do livro “Comunicação Não Violenta”, de Marshall Rosenberg.


A comunicação tal qual usamos hoje, começou a ser estruturada 8.000 anos atrás, com o surgimento das primeiras classes dominantes. Em função disso, nosso vocabulário foi enriquecido de palavras, que privilegiam interesses de tais classes, escravizando sentimentos.


As pessoas passaram a ser educadas para pensar em termos de juízos moralistas e para buscar fora de si mesmas a definição do que é “certo” ou “errado”, “bom” ou “mal”. Afinal de contas, quando nos conectamos com nossos sentimentos, e buscamos atender nossas necessidades para guiar nossas ações, deixamos de ser bons subordinados. Vejamos como nossos juízos moralistas, muitas vezes guiam nossas opiniões sobre os outros:

Se meu esposo quer mais carinho do que eu dou: “É necessitado e dependente.”

Se eu quero mais carinho que ele me dá: “É distante e insensível.”


Se meu colega de trabalho presta mais atenção aos detalhes que eu: “É detalhista e obsessivo.”


Se eu presto mais atenção que ele: ”É descuidado e caótico”.


Como consequência da estruturação da nossa comunicação em termos de juízo de valores, usamos palavras que com frequência, nos levam a dor, seja para os outros ou para nós mesmos.


A Comunicação Não Violenta, muito mais que um processo, revisita nossa estrutura de comunicação, direcionando nossa atenção para onde existe mais possibilidades de encontrar o que queremos, com conexão humana e empatia, nos libertando da dominação alheia.


Ela veio resgatar a compaixão natural entre nós, seres humanos, e se baseia em 04 componentes, que guiam o fluxo da comunicação:


O primeiro componente, é a observação sem julgamento.

É preciso observar com clareza, o que estamos vendo e escutando e que afeta nossa sensação de bem estar, sem misturar com nenhum julgamento.


Quando alguém fala por exemplo: “João é um funcionário agressivo e estava irritado quando falava com sua equipe na reunião de ontem”, percebemos que a frase misturada o que foi observado, com a opinião de quem observa. A mensagem passada dessa forma, na maioria das vezes, gera resistência da pessoa envolvida na situação.


Para ser uma observação sem julgamento, poderia ser dito por exemplo: “João bateu forte na mesa e levantou a voz na reunião de ontem.” Essa mensagem relata o que aconteceu sem nenhuma opinião de quem observou. Além disso, é uma mensagem que reflete que aquela atitude do João, foi observada naquele momento, e que não caracteriza quem é o João de forma definitiva.


Como disse Wendell Johnson, especialista em semântica: “Nós podemos criar muitos problemas, usando uma linguagem estática, para expressar ou captar uma realidade que muda constantemente.”


O segundo componente da CNV é a identificação e expressão de sentimentos

Temos um vasto vocabulário para insultar e julgar as pessoas, mas nos faltam palavras para expressar nossos sentimentos.


Infelizmente, fomos educados para inibir o que sentimos. O fato é que ampliar nosso vocabulário para nos permitir identificar e externalizar o que sentimos, tem benefícios evidentes nas relações pessoais e no trabalho.


Muitas vezes, o que direciona nossas palavras, é a busca pela aceitação externa. Investigamos o que os outros pensam que é correto dizer, para que possamos ter aprovação.


A identificação de sentimento, nos remete a uma conexão com nosso mundo interior.

Para identificar os sentimentos, é preciso distinguir o que pensamos (com a mente) do que sentimos (com o coração)...


Quando digo: “Sinto que sou incompetente como líder”, estou fazendo uma avaliação da minha atuação como líder. “Incompetente” não reflete um sentimento e sim o que penso de mim como líder. Pensamentos negativos sobre nós muitas vezes nos paralisam, nos impedindo de evoluir.


Quando digo: “Me sinto decepcionada com minha atuação como líder”, estou refletindo um sentimento de decepção. O reconhecimento do sentimento, diferente de um pensamento, me convida a agir e a identificar que necessidades tenho e que não estão sendo atendidas que provocam esse sentimento.


A identificação de necessidades é o terceiro componente da comunicação não violenta.

Nossos sentimentos nunca são consequência do comportamento de outras pessoas. Eles são reflexos de nossas necessidades. Quando nossas necessidades são atendidas, sentimentos positivos se manifestam em nós.


Quando nossas necessidades não são atendidas, sentimentos negativos aparecem.

Quando recebemos uma mensagem negativa de alguém, ao invés da usual reatividade, podemos tentar identificar como nos sentimos e que necessidades temos por trás desse sentimento.


Por exemplo: Se alguém fala: “Você é muito egoísta.”

É comum que haja uma reação imediata: “Egoísta é você…….”


Ao invés disso, podemos perceber nossos sentimentos e necessidades e dizer: “Quando ouço você dizer que sou uma pessoa egoísta, sofro porque espero que reconheça meu esforço para melhorar.”


Certamente, respondendo dessa forma, teremos mais possibilidades de gerar uma conexão com o outro que permita que o diálogo seja direcionado para um entendimento comum.


Por fim, o quarto e último componente da comunicação não violenta, é a realização do pedido.


Uma vez que observei uma situação, identifiquei o que sinto e que necessidades existem por trás desse sentimento: o que preciso pedir ao outro para que minhas necessidades sejam satisfeitas?


Mais uma vez, normalmente temos dificuldade em fazer pedidos ao outro de forma clara e concreta. Usualmente esperamos que o outro adivinhe o que queremos, ou pedimos o que não queremos ao invés do que queremos.


Se digo a um membro de minha equipe que costuma ser prolixo nas reuniões:


“Por favor procure não ser tão detalhista nas nossas reuniões.” Não estou fazendo o pedido de forma clara e específica. O que para essa pessoa significa….“não ser tão detalhista”?


Dizendo por exemplo : “Quando você se alonga nas explicações na nossa reunião, fico preocupada pois temos apenas meia hora para que todos se manifestem e preciso garantir que cobriremos todos os pontos. Você poderia assumir agora um compromisso comigo de trazer para as reuniões apenas pontos que precisa de ajuda e garantir que não vai levar mais que 05 minutos para resumi-los?”, dá ao outro muito mais condições de fazer aquilo que está sendo pedido para atender as necessidades de quem pede.


A realidade complexa que vivemos, bastante intensificada pela transformação digital, nos remete a necessidade de revisitar modelos que foram criados para um mundo muito diferente, como a estrutura da nossa comunicação. Na complexidade, quanto melhores as conexões entre as partes (no caso das organizações, as pessoas), melhores serão os resultados produzidos.


O segredo do mundo complexo está em realizar boas e fortes conexões!


A comunicação ajuda a unir pessoas, criando um motor humano potente, que conectado a um propósito comum, pode conseguir resultados nunca antes imaginados.


A essência de exponenciar resultados está na colaboração de pessoas em torno de um propósito comum.


A comunicação não violenta, pode ser um instrumento valioso que além de levar a colaboração, pode mudar a história da comunicação para sempre, trazendo compaixão e harmonia para o mundo corporativo!

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